Centro de Recursos Psicopedagógicos - Programa para a Inclusão e Cidadania, Região de Lisboa e Vale do Tejo


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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"Os Consumos Que Nos Consomem"

4 de Novembro 2010

15h00 - 17h30
Galerias do Instituto Português da Juventude (IPJ)

O Pensamento Vivo convida todos os professores e técnicos da medida Pief e respectivas Equipas Móveis Multidisciplinares (EMM) para um espaço de debate sobre a temática dos consumos, com a presença do Dr. Raúl Melo, do Instituto das Drogas e Toxicodependências (IDT).

A entrada é livre mediante inscrição prévia através do endereço electrónico pensamentovivo.piec@gmail.com .
As vagas estão limitadas às primeiras quarenta inscrições.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

I Jornadas Formativas “Andar na Escola”

O Pensamento Vivo – Centro de Recursos Psicopedagógicos realizou, no passado dia 8 de Outubro, no auditório do Instituto Português da Juventude, a primeira de um ciclo de jornadas formativas intituladas “Andar na Escola”.
O ciclo de jornadas promovido por este centro, tem como intuito primordial criar contextos de circulação de saberes e práticas em torno do lugar Escola/Pief.
Nesta primeira jornada, a mesa de abertura dos trabalhos foi composta pelos parceiros institucionais do Pensamento Vivo, – Instituto Português da Juventude, Fundação Renascer, Unidade de Investigação em Psicologia Cognitiva do Desenvolvimento e da Educação do Ispa-IU e a Associação para o Planeamento da Família – aos quais agradecemos a imediata disponibilidade para a participação activa neste encontro. Tivemos a oportunidade de os apresentar e de escutar, na primeira pessoa, as dimensões de trabalho abrangidas nas parcerias, indo estas da investigação, à formação, à intervenção directa nas populações envolvidas na medida Pief. Estendemos também os nossos agradecimentos à coordenadora nacional do Piec, na pessoa da Drª Fátima Matos, que encerrando a mesa, incentivou a iniciativa, tendo sublinhado a pertinência das soluções apresentadas para a promoção da cidadania e para o combate à exclusão social, particularmente no âmbito das grandes urbes.
Nas comunicações da manhã, contámos com a presença da Dr.ª Maria José Vidigal, e do Prof. Doutor Manuel Matos, que conversaram durante toda a manhã com os presentes sobre o tema da adolescência, tendo sido salientada a importância das vivências precoces na família, e diferenciadas as funções maternas e as funções paternas no desenvolvimento humano, referindo-se a importância de ser tomado em conta, nas politicas para a inclusão social, que a infância e as suas vivências habitam o adolescente e mesmo o adulto. A importância do papel do professor e da própria escola como facilitadores de mitigação e reparação de relações precoces disfuncionais foi também amplamente referida.
Nas sessões da tarde, foram organizadas Oficinas de Trabalho, animadas pelos Técnicos de Intervenção Local (TIL) Catarina Pimenta, Rita Torres, Ana Raquel, Cristina Esperanço, Rita Chambel, Filipa Fernandes. As oficinas tiveram como intuito a procura de dimensões reparadoras/terapêuticas a partir da rotina quotidiana da escola/Pief, e particularmente do TIL.
No final do dia, em grupo alargado, foram apresentados e discutidos os trabalhos das oficinas.
A apreciação global, de acordo com os participantes, foi extremamente positiva, encontrando-se a equipa do Pensamento Vivo a organizar, para breve, as II Jornadas Formativas “Andar na Escola”.

AS ASSEMBLEIAS DE TURMA

As Assembleias de Turma são uma das técnicas pedagógicas do Movimento da Escola Moderna (M.E.M.).

O Movimento da Escola Moderna, surgido entre as duas guerras, procura constituir uma proposta educativa para uma sociedade em constante transformação. Considera que mais do que transmitir técnicas e conhecimentos interessa dotar os alunos de competências para poder viver num mundo cada vez mais complexo.

Objecto no passado de intensas polémicas em França, as suas práticas mais características têm vindo, pouco a pouco, a ser integradas no sistema educativo e assumidas por um número cada vez mais alargado de professores.

Por Assembleias de Turma considera-se um momento em que um grupo faz a sua auto-gestão e auto regulação enquanto grupo. Um grupo não é um mero conjunto de indivíduos, mas qualquer coisa que se vai estruturando ao longo do tempo até que os seus elementos se passam a considerar responsáveis e participantes. Os problemas e conflitos inerentes à existência de grupo enquanto tal – quer ao nível do trabalho, quer ao nível dos sentimentos experimentados na relação interpessoal – passam então a ser resolvidos pelo próprio grupo. Nas palavras de Sérgio Niza (1987) “ Os caminhos da emancipação passam pelas defesas e saberes que se ganham na dinâmica conflitual de um grupo apoiado pelos professores”.

A previsão de um lugar e de um momento para a resolução dos conflitos faz com que estes sejam reduzidos e controlados, desta forma permitindo uma contenção, um distanciamento e uma racionalização em relação aos problemas conflituais dos elementos do grupo.

Nas Assembleias de Turma cada um pode exprimir o que pensa – felicitações, críticas, sugestões – sem temer a sanção. É aqui que são tomadas todas as decisões que regem o trabalho e a vida de um grupo. Estas decisões podem ser modificadas, alteradas ou anuladas noutra Assembleia de Turma.



Não sendo espontâneo o grupo é o resultado de uma construção em que é necessário:

1. Aprender a exprimir-se para intervir
2. Aprender a organizar as ideias para participar
3. Aprender a escutar os outros
4. Aprender a distinguir uma opinião de um facto
5. Aprender a reconhecer a legitimidade de outros pontos de vista aceitando a existência de opiniões diferentes
6. Ser capaz de estabelecer consensos
7. Ser capaz de resolver problemas

Nestas aprendizagem - que constituem os próprios objectivos das Assembleias de Turma – têm um papel fundamental:

• A análise e reflexão a posteriori do comportamento das Assembleias pelos próprios intervenientes (para o que é útil o seu registo audio/video de modo a poder ser observada de fora) e a consequente busca de soluções organizativas para a melhoria do seu funcionamento.

• A intervenção metodológica do professor que incide essencialmente ao nível da clarificação e da regulação. Deste modo, a acção do professor deve incidir ao nível do método e não ao nível do conteúdo – para que as decisões sejam efectivamente assumidas pelos alunos é fundamental que sejam eles os seus protagonistas.

Assim, compete ao professor:
1. Precisar os objectivos da assembleia;
2. Recentrar o debate em curso;
3. Fornecer informações pertinentes para o debate;
4. Colocar questões;
5. Chamar à atenção para um eventual dificuldade de aplicação;
6. Chamar à atenção para um perigo possível;
7. Chamar à atenção para uma limitação/obrigação legal;
8. Lembrar a necessidade de fundamentar as opiniões;....



Propostas de organização das Assembleias de Turma

Embora adaptável aos contextos e às idades, apresenta-se uma proposta –tipo de organização das Assembleias de Turma, que é o modelo que tem sido mais generalizado e comprovado na prática.
1. As Assembleias de Turma deverão ocorrer regularmente, uma vez por semana e com uma duração de 45 a 90 minutos.

2. Deverão contar com a presença de todos os elementos do grupo e respectivos professores.
Em nenhum caso deverá ser discutido um problema/ conflito de que esteja ausente algum dos protagonistas. Da mesma forma quando estiverem envolvidas no conflito pessoas exteriores ao grupo, elas deverão ser convocadas para estar presente.

3. O grupo deve estar disposto em circulo para que todos os olhares se possam cruzar, para que a comunicação seja total.

4. A ordem de trabalhos é constituída ao longo da semana através do registo, pelos alunos e professores dos assuntos a tratar, no Jornal de Parede (estruturado em “o que correu bem”, “o que correu mal”, “sugestões”) ou Caixa do Correio.

5. A mesa, composta por um presidente (um aluno) que dirige, um secretário (um aluno) que regista as conclusões e as decisões e um vogal (um professor), deverá ser eleita no início da Assembleia de Turma.

6. Todas as conclusões e decisões são registadas e arquivadas num dossier da turma.

A Assembleia de Turma é uma das formas pedagógicas que permitem treinar competências sociais indispensáveis para agir num sociedade moderna em constante transformação, onde a complexidade de situações é cada vez maior obrigando a tomar decisões fundamentadas, em contextos diversificados.
Os valores democráticos de tolerância e do respeito pelos outros, a capacidade de negociação e de formação de consensos têm que ser promovidos em todas as práticas educativas para que possam ser integrados pelos jovens.

Inês Reis Leão
EMM LVT

BIBLIOGRAFIA

Colin, Armand (1969). L’ école, nouveau milieu de vie. Les Cahiers de L’école e la vie: Libfrairie Armand Colin

Colin, Armand (1969). Organization de la Classe Pratique Les Cahiers de L’école e la vie: Libfrairie Armand Colin

Freinet, Célestine (1975) As Técnicas de Freinet da Escola Moderna, Portugal: Editorial Estampa, Lda

Lobrot, Michel (1966) A Pedagogia Institucional. Portugal : Iniciativas Editorias

Niza, Sérgio (1987) O Movimento da Escola Moderna, in Cadernos de Educação e de Infância, nº 1, Lisboa: Edição da associação Profissionais de Educação.