Centro de Recursos Psicopedagógicos - Programa para a Inclusão e Cidadania, Região de Lisboa e Vale do Tejo


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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Relatório Pensamento Vivo - Visão, Métodos e Resultados (2010/2011,2011/2012) Reflexões Finais

"A protecção e promoção do Bem-Estar dos jovens é um investimento no Futuro da nossa Sociedade. Acções especializadas nesse âmbito podem melhorar as capacidades sociais, emocionais e de aprendizagem dos jovens, o que, por sua vez, pode ajudá-los a ter sucesso escolar, a entrar na adultícia e no mundo do trabalho com mais recursos e maior segurança para enfrentarem os desafios e problemas do quotidiano.  

As escolas constituem um dos mais importantes enquadramentos para intervenções de suporte e reorganização das capacidades dos jovens. O PIEC-LVT, aceitou a proposta dos autores para criar o Pensamento Vivo - Centro de Recursos Psicopedagógicos, passando a poder disponibilizar uma rede de suporte, de apoio ao apoio, às actividades da medida PIEF e a todos os seus intervenientes. O PIEC-LVT, através do Pensamento Vivo, reconhece as dificuldades da acção educativa, nos contextos em que as turmas PIEF se inserem, e as pressões a que os seus vários actores se encontram expostos. Por isso, produziu um conjunto de serviços que podem ser utilizados de uma forma flexível e ajustada às necessidades das equipas técnico pedagógicas, dos alunos, das suas famílias e da comunidade escolar alargada. 

Existem claros indicadores de que o sucesso escolar  encontra-se intimamente relacionado com o Bem-Estar e com a Saúde Mental. Assim como o sucesso escolar pode contribuir para o desenvolvimento do sentimento de capacidade dos jovens, do mesmo modo, problemas emocionais e psicológicos podem impedir a aprendizagem. 

Os professores das turmas PIEF, apercebem-se com frequência que a escola é o único, ou um dos poucos, espaços sociais em que o aluno PIEF tem a possibilidade de vir a sentir-se valorizado e realmente ajudado e existem formas através das quais as escolas e as suas turmas podem contribuir na promoção do Bem-Estar dos seus alunos. 

As mudanças sociais que conduziram a que muitos jovens se encontrem em dificuldades face às condições de vida e ambientes familiares e culturais que enfrentam, particularmente os alunos do PIEF, uma medida que acolhe jovens em risco, encontram-se em forte agravamento e os grupos de risco que recorrem ao centro incluem: jovens que experienciaram traumas ou abusos; jovens expostos a culturas de Gang; jovens que se encontram ao cuidado de pais portadores de perturbação mental; jovens que são cuidadores de outros, sejam eles pais, avós, irmãos ou mesmo filhos; jovens com membros da família com problemas de consumos ou envolvidos em actividades ilícitas; jovens deslocados da sua terra natal, língua e família; outros grupos sujeitos a desvantagens e descriminações sociais. 

 Todos estes factores são, reconhecidamente, de risco para o desenvolvimento infanto-juvenil, criando sérias dificuldades à organização deste jovens. Relatórios internacionais recentes, indicam que uma em cada cinco crianças e jovens têm, nalgum momento do seu percurso escolar, dificuldades emocionais clinicamente determináveis e que estes, necessitarão de intervenção especializada para recuperar. A prática nesta área demonstra que as intervenções com estes jovens são mais eficazes quando se adopta uma abordagem que englobe o maior numero possível de intervenientes e de contextos na vida do jovem.  

Os alunos com dificuldades emocionais e de comportamento encontram-se hiper-representados nas taxas de abandono, absentismo e exclusão escolar e os jovens que não frequentam a escola abundam nos números da criminalidade, desemprego e dos subsídios sociais, custando cada jovem não recuperado e integrado na sua cidadania milhares de euros ao longo da sua vida e da dos seus filhos, criando-se e mantendo-se um ciclo trangeracional de exclusão e de custo social, económico e humano. 

Os dados de monitorização do centro indicam que as acções implementados contribuem significativamente para a mudança na representação de si e dos outros nestes jovens, iniciando-se assim a saída do ciclo de exclusão. 

 Os professores e técnicos de inserção local (TIL), enquanto tentam criar um ambiente que responda às necessidades destes jovens, trabalham frequentemente sob uma enorme pressão emocional imposta pelos jovens e seus contextos. Este projecto pretende ajudar todos os participantes das comunidades educativas PIEF, a acrescentar ao que já se encontram a fazer para construir melhores ambientes de acolhimento e trabalho, reduzindo o impacto da desorganização dos jovens, e permitindo que os alunos e técnicos aumentem o seu desempenho e bem-estar. Nos que se envolveram nas actividades do Pensamento Vivo, verificamos, pessoalmente e através da monitorização da representação que têm dos alunos, que se sentem desafiados e (re)entusiasmados, partindo para as suas turmas com uma nova visão do papel terapêutico que as instituições educativas e os seus parceiros podem desempenhar na vida dos seus alunos e da sociedade. 

O Pensamento Vivo - Centro de Recursos Psicopedagógicos espera que o maior numero de professores, til, alunos e suas famílias possam usufruir dos seus serviços e que estes possam continuar a contribuir positivamente para a reflexão, desenvolvimento e implementação de práticas e vivências continuadas de inclusão e de plena cidadania. A nossa aspiração, baseada nos resultados já obtidos, é que o centro contribua para que as instituições educativas criem acções e modelos intencionais para se tornarem, cada vez mais, um "bom lugar" para lá se crescer e recuperar."

Miguel Moita, Francisco Marta.